Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal anulou vídeos e gravações feitas por Durval Barbosa, após constatar que gravações foram feitas de forma ilegal
O ex-governador José Roberto Arruda (PL) comemorou, nesta quinta-feira (17), a decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF) que anulou os vídeos feitos pelo delator da Operação Caixa de Pandora Durval Barbosa. Apesar da “vitória”, Arruda acredita que ainda existe “forças que o querem fora da política”, motivo pelo qual, na sua visão, seu processo ainda não foi encerrado.
“Eu digo: a justiça tarda mais não falha. Foram 15 anos para mostrar que os vídeos eram falsos, editados e anteriores ao meu governo. Com a nulidade deles, não têm mais nada para eu ser acusado”, declarou o ex-governador que afirma que a retirada do material do processo no TRE-DF foi um pedido do Ministério Público Eleitoral.
O acórdão, que determinou a retirada de áudios e demais gravações do processo, foi publicado em 10 de abril, mas decidido pelo pleno do Tribunal Eleitoral do DF em 24 de março. De acordo com a decisão, o material deve ser retirado do processo e destruído. Entretanto, a Justiça Eleitoral não encerrou o processo por haver provas autônomas.
Apesar de ter uma “vitória” no Justiça Cidadã, Arruda reclama que o mesmo não vem sendo reconhecido pela área Cível. No início de abril, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve sua condenação, assim como da ex-deputada Jaqueline Roriz, por improbidade administrativa, ainda em decorrência da Operação Caixa de Pandora. Com a decisão, o ex-governador, assim como a ex-federal continuam sem seus direitos políticos.
“A nulidade pedida pelo MPE não está sendo respeitada na área cível, mesmo com uma decisão em segunda instância. Como a mesma prova pode ser usada para inocentar e condenar uma pessoa?”, questiona o ex-ocupante do Palácio do Buriti.
Eleições
Sobre seu futuro político, Arruda afirmou que sua briga não é eleitoral. “Meu alvo não é eleitoral, mas sim uma questão de honra. É ter paz. Apesar da nulidade, meus algozes ainda estão ativos.”
Sobre desistir de concorrer, no futuro, para “tentar se livrar dos seus adversários”, é contundente. “Acredito que acabaria. Mas eles têm medo do meu cadáver, pois sempre que eles nas pesquisas ele vêm meu nome. Meus inimigos têm poderes que eu não tenho, mas eu vou continuar lutando.”
José Roberto Arruda diz que levou 15 anos até que a justiça atendesse seu pedido e anulasse os vídeos e gravações de áudio feitas por Durval Barbosa. Apenas o pedido de perícia, segundo ele, levou seis anos para ser atendido e outros nove anos para a análise do material pelo pleno do TRE-DF.
Operação Caixa de Pandora
Em novembro de 2009, a Polícia Federal desencadeou a Operação Caixa de Pandora que encontrou na gestão de José Roberto Arruda suspeitas do pagamento de propina para deputados e membros do judiciário, além de empresários e contratos superfaturados.
O caso foi revelado após a divulgação de imagens que foram gravadas pelo delator do caso Durval Barbosa. Durante algum tempo, ele recebia em seu gabinete deputados e empresários, incluindo Arruda, para o suposto repasse de dinheiro proveniente de propinas recebidas pelo governo.
Diversos políticos foram presos por suposta participação no esquema de corrupção, que contou com cenas bizarras, como parlamentares colocando dinheiro em meias e cuecas, em bolsas de alto valor e até uma “oração da propina”, contou com distritais e o próprio Durval após o repasse de recursos, segundo a Justiça, ilegais.
À época, o então governador Arruda foi afastado do cargo — que posteriormente renunciaria — e preso. O vice-governador Paulo Octávio chegou a assumir, mas foi afastado e também preso, pelos mesmos supostos crimes.
Após o caso, apenas Arruda — entre os grandes nomes envolvidos — permanece sem seus direitos políticos restabelecidos
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