Moraes procurou presidente do BC em meio à crise do Banco Master

 Contatos do ministro do STF com Gabriel Galípolo ocorreram enquanto o Banco Central analisava a venda da instituição

Ministro Alexandre de Moraes, do STF. (Foto: Fellipe Sampaio/STF).

O ministro Alexandre de Moraes, integrante do Supremo Tribunal Federal (STF), manteve contatos diretos com o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, nos meses em que a autarquia avaliava a compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB), segundo relatos de bastidores divulgados nesta segunda-feira (22).

Fontes indicam que Moraes teria procurado Galípolo pelo menos quatro vezes, incluindo três chamadas telefônicas e um encontro presencial, para tratar do andamento da operação que estava pendente de autorização regulatória.

Os contatos ocorreram enquanto o Banco Central ainda demandava mais informações para formar sua avaliação sobre a transação anunciada em março, que vinha sendo analisada desde junho. 

Segundo os relatos, durante uma das conversas o ministro falou sobre sua relação com o controlador do Master, Daniel Vorcaro, e teria repetido argumentos favoráveis ao banco, como a ideia de que a instituição enfrentava resistência por competir com bancos maiores. 

Em resposta, Galípolo teria informado que os técnicos do BC haviam detectado irregularidades no repasse de créditos de cerca de R$12,2 bilhões na negociação com o BRB, apontando que, se as fraudes se confirmassem, a operação não poderia ser aprovada. 

No decorrer de novembro, com a identificação de inconsistências nos ativos do Master e a investigação da Polícia Federal em curso, o Banco Central decidiu pela liquidação extrajudicial da instituição, medida que foi implementada em 18 de novembro. 

Além disso, documentos apreendidos pela Polícia Federal na operação identificaram que o escritório de advocacia da esposa de Moraes, Viviane Barci de Moraes, mantinha um contrato com o Banco Master, cujo valor total previsto era de R$129 milhões em três anos, com pagamento mensal de R$3,6 milhões.

Até o momento, nem o ministro Alexandre de Moraes nem o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, se manifestaram oficialmente sobre os contatos relatados, que vieram a público após divulgação do jornal O Globo.

O caso segue sob atenção de órgãos de controle, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que o Banco Central remeta documentos e esclarecimentos sobre o processo de liquidação do Master, inclusive sobre a atuação da autarquia na supervisão da instituição.

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