Operação da PF aponta que repasses prosseguiram mesmo após BRB tomar conhecimento da "fabricação" de títulos de crédito inexistentes
O agora afastado presidente do BRB (Banco de Brasília), Paulo Henrique Costa, continuou a autorizar a transferência de valores consideráveis para o Banco Master mesmo após o BC (Banco Central) ter emitido um alerta formal sobre a situação da instituição.
A informação foi divulgada pela colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo. De acordo com a colunista, o BRB havia conseguido uma autorização regulatória para intervir no Banco Master. Contudo, apesar de o BC ter sinalizado riscos financeiros relevantes e irregularidades na transferência de R$ 12,2 bilhões, os repasses para o banco privado foram mantidos.
O alerta foi comunicado em mais de uma ocasião durante o processo de auditoria conduzido pelo BC, que analisava a documentação relacionada à proposta de compra do Master, transação que não se concretizou. Embora a operação tivesse sido aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) em junho, ela foi rejeitada pelo BC em setembro.
Continuidade das Transferências e Esquema
A investigação conduzida pela PF (Polícia Federal) e pelo MPF (Ministério Público Federal) revelou que as transferências financeiras prosseguiram mesmo depois do indeferimento do negócio pelo BC. Neste momento, o BRB já tinha conhecimento formal sobre a “fabricação” de títulos de créditos inexistentes utilizados para justificar os repasses.
Ao ser informado de que os papéis eram falsificados, Costa teria manifestado surpresa e comunicado o BC sobre supostas ações tomadas, como a solicitação de reforço de garantias e a contratação de auditoria independente.
O último repasse de valores teria ocorrido em 3 de outubro de 2025, aproximadamente um mês depois da decisão final e definitiva do BC. Segundo a PF, desde fevereiro de 2024, o BRB repassou um total de R$ 16,7 bilhões ao Master, de Vorcaro.
A corporação policial sustenta que a manutenção dos repasses constitui um “indício relevante” de que o BRB buscou efetivamente salvar o Banco Master. Por esse motivo, a PF solicitou a prisão preventiva de Costa. Entretanto, a Justiça Federal determinou, por ora, apenas o seu afastamento do comando do BRB.
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